Economia

Mais barato e prático, macarrão supera arroz e feijão na mesa do brasileiro

Levantamento mostra que consumo de massas cresceu até 80% mais que o de arroz e feijão nos últimos dois anos

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Quem diria que a tradicional combinação “arroz e feijão” fosse perder espaço para o macarrão na mesa dos brasileiros? Foi o que constatou uma pesquisa que avaliou 5 milhões de notas fiscais de consumo de alimentos.

Macarronada com molho de salsicha já é clássico na casa do Advaldo Marques, em qualquer dia da semana. O estoque na cozinha não deixa dúvidas. "Aqui no armário tem um pacote de arroz e uns 15 pacotes de macarrão", conta o corretor de imóveis, morador de Osasco, na Grande São Paulo.

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E não é apenas porque a família adora massa. "Não é tanto gostar, é que a situação está feia por aí, tá muito caro o arroz. Hoje, com o valor de um pacote de arroz, dá para comprar cinco ou seis de macarrão. Por isso, aqui em casa, estou investindo mais na massa, porque sustenta também", explica Advaldo.

A conta feita por ele parece ser a mesma em muitos lares brasileiros. Um levantamento de uma empresa de vale-alimentação mostra que, embora o arroz com feijão ainda seja a base do cardápio nacional, o consumo de macarrão aumentou consideravelmente nos últimos dois anos. As compras dos três produtos cresceram, mas as de massa foram 70% maiores que as de feijão e 80% acima das de arroz.

De acordo com Cassio Carvalho, diretor-executivo de Negócios da Pessoa Jurídica da VR, a preferência pode ser explicada por dois fatores principais: versatilidade e preço estável.

"Isso é muito fruto da versatilidade do produto, do que ele pode ser combinado e de que tipo de prato a família brasileira consegue fazer no dia a dia. Mas, mais do que isso, é a estabilidade do preço. Observamos nos últimos anos um crescimento no custo do arroz e do feijão", afirma.

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De 2023 para cá, o arroz chegou a custar até R$ 18 o quilo. O feijão variou entre R$ 7 e R$ 10, enquanto o macarrão se manteve na faixa dos R$ 4 a R$ 5. Além do valor mais acessível, o tempo de preparo mais curto também pesa na escolha, já que o cozimento do feijão consome mais gás.

Mas, apesar das vantagens práticas, nutricionistas lembram que o tradicional “arroz com feijão” continua imbatível quando o assunto é saúde. É o que explica a professora doutora do curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo, Sandra Chemin: "Separados, arroz e feijão são ricos. Juntos, formam uma proteína de alto valor biológico, com todos os aminoácidos necessários para crescimento, reparação celular e formação de hormônios. Essa combinação não se compara ao macarrão".

A especialista também alerta para cuidados no preparo do macarrão. "Dificilmente, as pessoas usam tomate fresco. Em geral, optam por molhos industrializados, que contêm aditivos e alto teor de sódio. Somado ao sal de cozinha, isso aumenta muito o consumo de sódio, o que não é nada positivo para a saúde", afirma.

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Para uma refeição mais equilibrada, a recomendação é acrescentar verduras, legumes e uma fonte de proteína, como carne, frango ou peixe.

E quanto ao maior consumo de gás no preparo do feijão, há uma dica simples: deixar os grãos de molho por pelo menos quatro horas e descartar a água antes de cozinhar. Isso reduz o tempo de cozimento e economiza energia. Como lembra a professora: "quem investe na alimentação, economiza na farmácia. Faça do alimento o seu remédio".

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