Economia

Vendas em bares e restaurantes caem em setembro pressionadas por casos de metanol, diz pesquisa

Queda foi de 4,9% no mês passado em comparação a agosto, segundo dados divulgados pela Abrasel

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Casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas preocupam setor de bares e restaurantes | Reuters/Janis Laizans
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As vendas no setor de bares e restaurantes do Brasil caíram 4,9% em setembro ante agosto, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (20) pela empresa de meios de pagamento Stone em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

Na comparação com setembro do ano anterior, a retração nas vendas foi de 3,9%, afirmaram as autoras do levantamento, após uma sequência de três meses de estabilidade.

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Os casos de contaminação de bebidas alcoólicas por metanol são citados pelo presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, como um dos motivos para o recuo das vendas do setor observado no último mês. Os primeiros casos registrados no país ocorreram no fim de agosto, segundo o Ministério da Saúde.

"Os casos de intoxicação por metanol espalharam pânico entre os consumidores e provocaram uma queda na movimentação de alguns estabelecimentos", disse Solmucci em comunicado à imprensa.

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Até sexta (17), o país registrava oito mortos por bebida alcoólica contaminada por metanol, sendo seis no estado de São Paulo, onde estão sendo registradas a maior parte das denúncias, segundo dados do Ministério da Saúde. Outras oito mortes seguem em investigação no país, afirmou a pasta.

No Brasil, o número de notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica era de 133 registros, sendo 46 casos confirmados e 87 em investigação. São Paulo concentrava até então 38 casos confirmados e 44 ainda em investigação, de acordo com dados do ministério.

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Mas outros impactos também contribuíram para a queda das vendas do setor em setembro, disse o presidente da Abrasel.

"Outros fatores também influenciaram no resultado negativo, como por exemplo, o alto índice de inflação", disse ele, citando que "setembro já começou com um ritmo abaixo do esperado em comparação a agosto, mês em que se comemora o Dia dos Pais, data importante para o faturamento do setor".

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Para o economista e pesquisador da Stone, Guilherme Freitas, a recente crise do metanol "adicionou um fator pontual de incerteza".

A desaceleração da criação de vagas no mercado de trabalho e a inflação no setor de alimentos também são mencionados como motivos para o recuo das vendas.

"Apesar do mercado de trabalho seguir em bom nível, com baixa taxa de desemprego, o ritmo de geração de vagas formais perdeu força e o endividamento das famílias segue elevado. Esse quadro limita a renda disponível para consumo e afeta especialmente itens não essenciais, como refeições e bebidas fora de casa. Além disso, a inflação específica do setor continua pressionada, com alta acumulada em doze meses, o que encarece o tíquete médio", disse Freitas.

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Os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostraram que o Brasil abriu 147.358 vagas formais de trabalho em agosto, abaixo da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters de criação líquida de 160.000 vagas.

Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,48 por cento, após baixa de 0,11 por cento no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mais cedo neste mês. A inflação de alimentos e bebidas mostrou baixa de 0,26% no mês.

(Por Igor Sodre)

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