Homem acusado de tentar matar o filho é absolvido após pedido da própria vítima
Tribunal do Júri aceitou tese da clemência em caso raro na Justiça brasileira, após o filho pedir que o pai não fosse condenado
SBT News
Um caso raro chamou a atenção da Justiça brasileira. Um homem acusado de tentar matar o próprio filho foi absolvido pelo Tribunal do Júri de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, depois que a vítima pediu que ele não fosse condenado. A decisão foi baseada na chamada “tese da clemência”.
Foi assim que Jani Francisco do Amaral, de 58 anos, chegou ao tribunal: em uma cadeira de rodas, empurrada pela mãe, dona Marfiza, de 76 anos. Ele respondia por tentar matar o filho em 2017. Na época, Jani era dependente químico e cometeu o ataque com golpes de facão.
“Aconteceu que eu ia rodar uma árvore, né? Daí eu pedi um facão e vim embora com o facão no porta-malas. Daí eu peguei o facão e entrei pra ele de casa, e ele, já no meio do caminho, ele me atacou, né?", contou Jani. "Isso é por causa das drogas", acrescentou.
Desde então, dona Marfiza se viu dividida. Precisava apoiar o filho, mas também não podia deixar o neto desamparado.
“Eu tinha que ficar no meio dos dois, apoiar os dois. Sempre tinha: porque tu ajudou, porque tu não ajudou, porque tu fez, porque tu não fez. Mas eu dizia: eu sou vó e sou mãe. E pra mim os dois são iguais. Eu não quero que aconteça nada, nem pra um nem pro outro", afirmou a idosa.
O sofrimento da família motivou o filho a pedir que o pai não fosse condenado. Durante o processo, Jani sofreu um AVC e ficou com dificuldades para andar. Hoje, precisa de cuidados diários. A defesa, então, apostou em um argumento pouco comum: o direito ao perdão.
A juíza autorizou que os jurados votassem primeiro sobre a possibilidade de absolvição por clemência. Por quatro votos a dois, Jani foi absolvido. Um caso considerado incomum na Justiça brasileira, já que a decisão não ocorreu por falta de provas, mas por um ato de misericórdia.
Com o filho absolvido, dona Marfiza tirou uma lição de tudo o que viveu. “O perdão é em primeiro lugar. Pode ter uma briga, uma desavença entre família, entre mãe, pai, filho, mas o perdão é muito importante", disse.









