Colesterol no limite: novo jeito de prevenir infarto e derrame
Pesquisa recente indica que baixar mais o colesterol ruim é seguro e reduz o risco de infarto e derrame; Saiba quem precisa de atenção extra e como agir cedo


Brazil Health
O colesterol alto continua sendo um dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares, principal causa de morte no Brasil e no mundo. Nos últimos anos, a medicina vem revendo a forma de avaliar e tratar esse risco, impulsionada por novas evidências que mostram que reduzir de forma mais intensa o colesterol LDL, o chamado 'colesterol ruim', é seguro e muito eficaz para prevenir infartos e derrames (AVCs).
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Reduzir mais o 'colesterol ruim' é seguro e eficaz
Esses estudos, com centenas de milhares de pacientes, mostraram que baixar o LDL a níveis muito baixos não causa prejuízo cognitivo nem efeitos colaterais relevantes. Ao contrário, reduz de forma expressiva os eventos cardiovasculares e o risco de morte. Com base nesses achados, surgiram novas diretrizes internacionais e uma categoria chamada 'risco cardiovascular extremo'. Ela se aplica principalmente a quem já teve múltiplos eventos, como infartos ou derrames, e tem maior chance de recorrência. Para esse grupo, recomenda-se manter o LDL abaixo de 40 mg/dL, um número que, até poucos anos atrás, seria impensável.
Hoje sabemos que, quanto mais baixo o LDL, menor o risco de entupimento das artérias. Essa relação é direta e vale inclusive para pessoas com risco considerado baixo: nesses casos, a meta é manter o LDL abaixo de 115 mg/dL. Em outras palavras, não há um limite mínimo 'perigoso' para o colesterol ruim. O que existe é a necessidade de acompanhar de perto cada pessoa e ajustar o tratamento com segurança e de forma personalizada, sempre com supervisão médica.
A tal da lipoproteína(a): o que é e por que medir
Entre os avanços recentes, um dos temas que mais chama atenção é o papel da lipoproteína(a). É uma partícula do sangue parecida com o LDL, determinada pela genética, que pode aumentar de forma importante o risco cardiovascular. A grande maioria das pessoas tem níveis normais, mas cerca de uma em cada cinco apresenta valores elevados - e muitas vezes nem sabe. Por isso, a recomendação atual é medir a lipoproteína(a) pelo menos uma vez na vida. Como ela é definida pela genética, o exame não precisa ser repetido, e o resultado pode orientar o rastreamento familiar, já que parentes de primeiro grau têm mais de 50% de chance de também apresentarem níveis altos. Assim, é possível identificar mais cedo quem tem risco aumentado, mesmo quando o colesterol total está normal.
Hábitos saudáveis continuam indispensáveis
Apesar das inovações em remédios e terapias de ponta, a base da prevenção do coração continua a mesma: alimentação equilibrada, atividade física regular e controle do peso. Essas medidas ajudam a reduzir o colesterol e também o risco de pressão alta, diabetes e outras doenças crônicas. Os remédios entram quando, mesmo com um estilo de vida saudável, o colesterol permanece elevado ou o risco cardiovascular é muito alto. A diferença agora é que temos mais ferramentas para avaliar e tratar com precisão, ajustando metas e abordagens conforme o grau de risco.
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O cenário brasileiro ainda impõe desafios. O aumento do sedentarismo, da obesidade e da má alimentação se reflete em taxas preocupantes de doenças do coração e do cérebro. Por isso, é essencial olhar além do indivíduo e pensar de forma coletiva. Precisamos de políticas públicas e ações que estimulem hábitos saudáveis desde cedo - nas escolas, nas empresas, nas comunidades. Melhorar a alimentação e incentivar a prática regular de exercícios são medidas que salvam vidas e impactam toda a sociedade.
Manter o colesterol sob controle é uma das maneiras mais eficazes de prevenir infartos e derrames. A boa notícia é que, com exames simples e acompanhamento médico regular, é possível identificar quem tem maior risco, agir cedo e, assim, evitar grande parte dos danos causados pelas doenças cardiovasculares.
Dr. André Zimerman - CRM 43100 | RQE 41221/RS - Cardiologista do Hospital Moinhos de Vento