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Sertanista alerta sobre riscos aos índios com seca e calor na Amazônia

Meirelles relatou baixa histórica dos rios e aquecimento da água, usada por locais; governo do Acre decretou emergência

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O sertanista José Carlos Meirelles, uma referência na defesa dos índios no Brasil e no mundo, fez uma alerta às autoridades sobre os riscos da seca e da elevação da temperatura nos rios do Acre e de toda Amazônia, com consequências graves para a saúde de índios e ribeirinhos. O governo do Acre decretou estado de emergência, nesta 6ª feira (06.out), por causa do problema.

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"Queria fazer um apelo aos órgãos competentes para ficar alerta. Sei que a situação é grave na Amazônia toda, mas estou falando de uma região que eu conheço. É um apelo que faço aos órgãos, ao pessoal da saúde, para olhar com carinho essa situação, que é de emergência mesmo."

Em uma mensagem em vídeo divulgada pelo jornalista Altino Machado, em redes sociais, nesta 6ª feira (06.out), Meirelles alerta sobre os efeitos do calor e da baixa vazão de água dos rios da Amazônia,  especialmente, no Acre, na região entre o Brasil e o Peru, para a saúde dos moradores locais.

"Além do rio estar muito seco, a água do rio está muito quente e começa a ter mortandade de peixes." Meirelles explica que rios, como o Tarauacá, têm pouca água corrente nas vertentes e, em períodos de seca, isso agrava o quadro. "O pessoal toma água do rio, então tem peixe morto, tem fezes de anta e pouca vazão de água."

O cenário narrado por Meirelles, que trabalhou na Funai e teve a vida dedicada à defesa dos índios e da Amazônia, se repete em outros rios da região. Nesta 6ª feira (06.out), o governador do Acre, Gladson Camelli, decretou situação de emergência no estado. 

"A medida foi tomada em resposta ao cenário de extrema seca e à iminente possibilidade de desastre decorrente do desabastecimento do sistema de água no estado. A influência do fenômeno El Niño prolongou o período de seca, e as previsões meteorológicas indicam que a escassez de chuvas persistirá nos próximos 90 dias", informou o governo do Acre. 

O decreto, valido por 90 dias, considera "diversos fatores críticos, como a diminuição abrupta das chuvas, que resultou em níveis perigosamente baixos nos rios Acre, Purus, Juruá, Tarauacá, Envira, Iaco e Moa". Segundo o governo do Acre, "a situação atinge significativamente o fornecimento de água para a população, agricultura e pecuária dessas regiões".

A seca coloca em risco a navegabilidade dos rios, "ameaçando comunidades inteiras, incluindo municípios e aldeias indígenas, que podem ficar isolados e enfrentar dificuldades no abastecimento de alimentos e outros recursos essenciais". O governo destava no decreto ainda "a preocupação com o desabastecimento de medicamentos e itens de saúde em hospitais e postos médicos".

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Rio Taraucá, no Acre, com seca histórica | Acervo pessoal/José Carlos Meirelles

Emergência

 Meirelles, que está aposentado, disse ter recebido relatos de moradores locais sobre a seca históricaa. "Tenho recebido vídeos das pessoas que trabalham nas cabeceiras dos rios. Estão secando demais. Conversando com o pessoal da cabeceira do rio Tarauacá, eles dizem que nunca viram um rio tão seco", explica Meirelles. 

Os índios, os moradores ribeirinhos, os índios isolados, que acabam usando a água do rio, estão sob risco grave de saúde, segundo ele. Além da mortandade de peixes com o calor e a seca, a baixa vazão da água faz acumular as fezes de animais, elevando a contaminação.

Meirelles afirma que tem ouvido relatos de casos "de desidratação em índios", "muito problema de infecção intestinal".

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