Brasil

Facções nacionais não criam raízes no Rio Grande do Sul, mas grupos locais mantêm alianças e disputas por território

Mesmo sem a presença de grandes organizações do país, o crime no Rio Grande do Sul mantém conexões com o tráfico interestadual

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O Rio Grande do Sul é o único estado do país onde as principais facções criminosas do país não criaram raízes. Ainda assim, a criminalidade gaúcha não está completamente dissociada do cenário nacional. Afastado do eixo Rio–São Paulo e fora da principal rota do tráfico com o Paraguai, o estado viu surgir suas próprias organizações.

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Segundo a socióloga Marcelli Cipriani, o primeiro grupo estruturado nasceu na década de 1980, dentro do Presídio Central. A chamada Falange Gaúcha acabou apelidada de Os Manos, referência à forma como os detentos se tratavam.

“São grupos que surgem dentro do cárcere, a partir da necessidade dos presos de se auto-organizarem, seja para evitar violências e opressões cometidas por outros detentos, ou violências institucionais praticadas por agentes”, afirmou Cipriani.

Hoje, Os Manos utilizam o tráfico de drogas como principal fonte de fortalecimento e investem em outros negócios para lavar dinheiro. Outra facção presente no estado é a Bala na Cara, surgida nas ruas, inicialmente como braço executor da Falange. Com o tempo, passou a disputar territórios e a controlar becos nas periferias.

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Em 2016, o confronto entre as duas organizações elevou a violência em Porto Alegre, que chegou a figurar entre as cidades mais perigosas do mundo. A crise levou ao envio da Força Nacional e à transferência de líderes para presídios federais. Até então, o isolamento em relação às facções nacionais ajudava a conter a expansão do crime organizado local.

Atualmente, os indicadores de segurança mostram redução nos principais tipos de crimes no estado. Para a polícia, o investimento em softwares de investigação e o bloqueio do fluxo financeiro do tráfico têm sido determinantes para o controle da criminalidade.

Apesar disso, o historiador Celso Rodrigues afirma que grandes facções nacionais já se beneficiaram da estrutura criada pelos grupos gaúchos.

“O fato de não existirem ramificações densas de grupos como o Comando Vermelho e o PCC não significa que não haja parcerias. Sabemos que integrantes das facções gaúchas mantêm alianças na comercialização de drogas vindas do Paraguai”, disse.

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