Mulheres recebem 21% menos que homens no setor privado
Pesquisa do Ministério do Trabalho mostra que mulheres negras são mais afetadas pela desigualdade salarial nas 54 mil empresas com 100 ou mais funcionários

Gabriela Vieira
As mulheres recebem 21,2% menos do que homens na comparação entre os trabalhadores pelo setor privado do Brasil. Os dados são do 4º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado nesta segunda-feira (3) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Segundo a pesquisa, que analisou 54.041 empresas com 100 ou mais funcionários e analisou 19.423.144 vínculos trabalhistas, a remuneração média das mulheres é de R$ 3.908,76, já dos homens é de R$ 4.958,43.
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No entanto, apesar da diferença salarial, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da PNAD Contínua, indicam o aumento maior das mulheres no mercado de trabalho.
Entre o segundo trimestre de 2016 até o segundo trimestre de 2025, as mulheres ocupadas passaram de 37,9 milhões para 44,6 milhões (mais de 6,7 milhões). Enquanto os homens passaram de 51,9 milhões para 57,7 milhões, um aumento de 5,8 milhões.
Motivos para desigualdade
A desigualdade salarial, em comparação com o primeiro relatório publicado em março do ano passado, apresentou piora, já que a diferença era de 19,4%. No segundo, em setembro, subiu para 20,7%. Já o terceiro, divulgado em abril deste ano, registrou uma diferença salarial de 20,9%.
Os motivos que envolvem a diferença, como apontam as empresas, são: tempo de experiência na empresa (78,7%), metas de produção (64,9%) e plano de cargos e salários ou carreira (56,4%).
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Desigualdade maior
A desigualdade salarial é ainda maior entre mulheres negras e homens não negros. A diferença nos salários medianos de admissão entre os grupos chega a 33,5% — R$ 1.836,00 para mulheres negras e R$ 2.764,30 para homens não negros.
A maior diferença salarial de remuneração média está no Paraná (28,5%). O Rio de Janeiro aparece em seguida (28,5%), depois Santa Catarina (27,9%), Mato Grosso (27,9%) e Espírito Santo (26,9%). Enquanto os estados com a menor diferença são Piauí (7,2%), Amapá (8,9%), Acre (9,1%) Distrito Federal (9,3%), Pernambuco (10,4%), Ceará (9,9%) e Pernambuco (10,4%).
Ações implementadas
A pesquisa também registra ações adicionais adotadas pelas empresas para promover a diversidade em seus quadros de trabalhadores:
· 38,9% políticas de promoção de mulheres
· 29,6% políticas de incentivo à contratação de mulheres;
· 23,1% incentivo à contratação de mulheres negras;
· 19,7% incentivo à contratação de mulheres com deficiência;
· 18,8% incentivo à contratação de pessoas LGBTQIA+
· 18,9% incentivo à contratação de mulheres chefes de família
· 7,8% incentivo à contratação de mulheres indígenas
· 7,3% incentivo à contratação de mulheres vítimas de violência
A subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE, Paula Montagner, afirmou que as empresas precisam avançar na construção de planos de ação que promovam a igualdade salarial dentro das empresas. "Precisamos acelerar esse processo”, acrescentou.
Já a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, disse que a inserção das mulheres no mercado não basta. "É inaceitável que mulheres negras recebam metade do rendimento de homens não negros. Temos como compromisso intensificar medidas que resolvem essas distorções, promovam políticas de apoio, como a ampliação da licença-paternidade e o auxílio-creche".
"Também é fundamental que toda a sociedade engaje na urgência de redistribuir o trabalho doméstico e valorizar o trabalho de cuidado realizado pelas mulheres. Isso vai permitir que mais mulheres construam suas trajetórias profissionais de forma mais justa e menos penosa", deixou claro.









