Brasil

ONU se diz "horrorizada" com operação policial no Rio que deixou mais de 60 mortos

Alto Comissariado cobrou investigações rápidas e eficazes e afirmou que ação reforça tendência de violência letal nas periferias brasileiras

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MPF e DPU cobram explicações de Castro sobre megaoperação no Rio | Divulgação/Fernando Frazão/Agência Brasi
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O Alto Comissariado das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos declarou estar "horrorizado" com a operação policial realizada no Rio de Janeiro nessa terça-feira (28), que resultou na morte de mais de 60 pessoas, incluindo quatro policiais. A ação é considerada a mais letal da história do estado.

Em comunicado publicado nas redes sociais, o escritório da ONU lembrou as obrigações das autoridades brasileiras em relação aos direitos humanos e cobrou "investigações rápidas e eficazes". A entidade destacou que a operação reforça uma tendência de "consequências letais extremas" nas ações policiais em comunidades marginalizadas do país.

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A megaoperação mobilizou cerca de 2,5 mil agentes e teve como alvo lideranças do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha. De acordo com as forças de segurança, a ação visava desarticular a cúpula da facção responsável por ataques recentes a civis e agentes públicos.

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Repercussão na imprensa internacional

A operação ganhou destaque na imprensa estrangeira. O jornal argentino El Clarín estampou em sua manchete: "Cenas de guerra no Rio de Janeiro". A publicação descreveu o uso de drones, barricadas e intensos tiroteios, com "colunas de fumaça e fogo subindo sobre as favelas, lembrando cidades sob ataque em conflitos armados".

O francês Le Figaro ressaltou que esta é a operação mais letal já registrada no Rio, embora ações semelhantes sejam frequentes. "As operações policiais de grande escala são, apesar de sua eficácia questionada, comuns na cidade. Elas têm como alvo principalmente as favelas, bairros pobres e densamente povoados que vivem sob o domínio de traficantes", escreveu o jornal.

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Já o alemão Der Spiegel e o britânico The Guardian enfatizaram o ineditismo do uso de drones por criminosos contra as forças de segurança. "As armas são um sinal do poderoso arsenal que os traficantes do Rio adquiriram desde que começaram a invadir as favelas no fim da década de 1980", destacou o Spiegel.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), também foi citado por veículos internacionais. Ele afirmou em publicação nas redes sociais que "o Rio está sozinho nesta guerra", cobrando apoio do governo federal e pedindo ajuda das Forças Armadas.

O espanhol El País observou que Castro é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e destacou a declaração do governador de que "esta é uma guerra que nada tem a ver com segurança urbana, mas é alimentada pelas armas do narcotráfico internacional".

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