Brasil

Moradores da Penha (RJ) protestam, chamam megaoperação de “chacina” e governo de "assassino"

Movimento é contra a ação policial que deixou mais de 130 mortos nos complexos da Penha e do Alemão; Cláudio Castro diz que só policiais foram vítimas

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Moradores da Penha, zona norte do Rio de Janeiro, protestaram na manhã desta quarta-feira (29) contra a megaoperação policial que deixou mais de 130 mortos nos complexos da Penha e do Alemão. O ato aconteceu próximo à Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, onde dezenas de corpos foram deixados por moradores após uma madrugada de buscas.

Em meio a gritos, os manifestantes chamaram o governador Cláudio Castro (PL) de “assassino” e classificaram a ação das forças de segurança como uma “chacina”. Durante o protesto, moradores exibiram uma faixa branca contra o governador, além de cartazes e um "buzinaço" em sinal de revolta.

Não havia presença de policiais na entrada do morro durante a movimentação dos moradores. Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil foram remover os corpos encontrados em áreas de mata na madrugada.

De acordo com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, até as 11h15, foram contabilizadas 132 mortes relacionadas à operação, número que inclui os 64 óbitos inicialmente divulgados pelo governo. O órgão informou que uma força-tarefa do Núcleo de Direitos Humanos está atuando no Complexo da Penha e no Instituto Médico-Legal (IML) para prestar assistência jurídica às famílias e monitorar o cumprimento das garantias constitucionais.

A operação, deflagrada na terça-feira (28) e batizada de Operação Contenção, mobilizou cerca de 2.500 policiais civis e militares com o objetivo de prender lideranças do Comando Vermelho (CV). As equipes apreenderam 118 armas e prenderam 113 suspeitos.

Segundo a Polícia Militar, houve forte resistência de criminosos armados, com uso de barricadas incendiadas e ataques com drones. Entre os mortos, estão quatro policiais.

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Cláudio Castro diz que só policiais foram vítimas

O governador Cláudio Castro afirmou nesta quarta que a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou pelo menos 132 mortos na terça-feira (29), foi um "sucesso" e que as únicas "vítimas" foram os quatro policiais mortos.

"Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem, só tivemos esses policiais", declarou.

Castro ainda aproveitou para alfinetar, mais uma vez, o governo federal durante entrevista para a imprensa sobre a operação. Ele afirmou que não responderá autoridades que querem transformar o momento em uma "batalha política" e pediu foco do governo federal no estado.

"O governador deste estado e nenhum secretário vai ficar respondendo autoridade que queira transformar esse momento em uma batalha política. Quem quiser somar com o Rio de Janeiro nesse momento, no combate à criminalidade, é bem-vindo. Ou soma no combate à criminalidade, ou suma", disse.
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