Nostalgia impulsiona consumo e faz brasileiros reviverem memórias afetivas
Pesquisa revela que 8 em cada 10 brasileiros compram produtos que despertam lembranças da infância

Flavia Travassos
Victor Ferreira
Na TV passa "Dançando na Chuva, clássico dos anos 50. Na vitrola, Whitney Houston. Dá para imaginar quantos anos tem a pessoa dona de tudo isso? Felipe Dantas, desenvolvedor de software, tem apenas 35 anos.
Felipe mora em um estúdio no centro de São Paulo, cercado por objetos afetivos, que remontam ao período de infância. “Parece que você se teletransporta para o período em que era criança. Traz uma memória afetiva, um sentimento que aquece o coração”, diz ele.
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Viver assim, rodeado de recordações, virou tendência — e tem impulsionado o consumo no país. Oito em cada dez brasileiros já compraram algum objeto motivados por memórias do passado, de acordo com Pesquisa da PiniOn .
Muitos sonhavam com esses itens na infância, mas só conseguiram adquiri-los depois de adultos. É o que mostra um levantamento feito por uma empresa de pesquisa de mercado.
“Faz ter um contato com a sua criança de antigamente e, hoje, graças ao trabalho, conseguir ter as coisas que desejou lá atrás traz uma emoção indescritível”, comenta Felipe.
Mas, segundo especialistas, é mais do que simplesmente se sentir feliz em poder comprar.
“Isso traz o resgate de uma ferida antiga. Pode ser muito útil: ‘Sabe, eu tinha uma privação, foi insuportável, e hoje eu posso ter isso’”, explica o psiquiatra e psicoterapeuta Wimmer Botura.
A pesquisa mostra ainda que quase 45% das pessoas (44,4%) sentem a nostalgia muito presente no cotidiano. Entre os principais gatilhos de recordações estão as músicas antigas (54,9%) e os programas de TV, séries e filmes clássicos (40,9%).
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“Tem um significado simbólico de resgatar a história. Estamos vivendo a era da pós-modernidade, em que a música prioriza a harmonia e o ritmo, e pouco a melodia. O filme tem menos enredo e mais efeitos especiais, mais fotografia, e assim por diante. As pessoas estão ávidas por histórias, porque é a história que dá sentido à vida”, completa o especialista.
Esses elementos mostram que há coisas que não têm preço. Têm valor.









