Após roubo, Louvre segue fechado e ministro da Justiça teme pela imagem da França: "Falhamos"
Ministro Gérald Darmanin reconhece falha na segurança e diz que “todos os franceses se sentem roubados”

Caroline Vale
com informações da Reuters
O Museu do Louvre, em Paris, permanece fechado ao público nesta segunda-feira (20), um dia após um roubo de joias da coroa francesa que chocou a França e ganhou manchetes no mundo todo. O museu informou nas redes sociais que “seguirá fechado hoje” e que visitantes com ingressos antecipados serão reembolsados.

O episódio reacendeu o debate sobre a segurança dos museus franceses e levantou críticas sobre a falta de investimento em estruturas de proteção. O Louvre, lar de obras icônicas como a Mona Lisa, recebeu 8,7 milhões de pessoas em 2024 e é considerado o museu mais visitado do mundo.
Nesta segunda-feira, o ministro da Justiça da França, Gérald Darmanin, comentou o caso em entrevista à rádio France Inter. Ele admitiu falhas na segurança e lamentou que o caso possa sujar a imagem do país: "O que é certo é que falhamos, porque alguém foi capaz de colocar um caminhão guindaste em plena luz do dia nas ruas de Paris, para que as pessoas se aproximassem por alguns minutos e levassem joias inestimáveis, dando à França uma imagem deplorável”, disse.
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“Acho que todos os franceses, ou a grande maioria deles, esta manhã se sentem como se tivessem sido roubados. Da mesma forma que quando Notre Dame estava em chamas, era a nossa igreja que estava em chamas, mesmo quando não éramos católicos. Ter joias tão importantes roubadas de uma forma tão inacreditável, é claro, causa uma má impressão e também passa uma imagem muito negativa da França”, declarou.
Darmanin afirmou que o roubo coloca o país sob uma luz “deplorável” e questionou as falhas logísticas que permitiram a ação. “Há muitos museus em Paris, muitos museus na França, com valores inestimáveis nesses museus. O fato de essas vitrines não estarem protegidas é uma questão que podemos questionar. Que havia um caminhão guindaste em público é uma questão que pode ser questionada."
O governo francês enfrenta agora forte pressão da oposição, que classificou o roubo como uma “humilhação nacional”. As investigações continuam, enquanto o Louvre tenta avaliar os danos e reforçar sua segurança antes de reabrir as portas ao público.
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O que aconteceu?
O crime aconteceu na manhã de domingo (19), por volta das 9h30 no horário local, 30 minutos depois de o museu abrir suas portas ao público. De acordo com as autoridades, quatro ladrões mascarados invadiram o prédio usando um caminhão com escada, quebraram uma janela do andar superior e entraram na Galeria de Apollo, área no primeiro andar que abriga parte das joias da coroa francesa.
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Segundo a promotora de Paris, Laure Beccuau, o assalto durou poucos minutos e foi realizado por pessoas desarmadas, mas que ameaçaram os guardas com esmerilhadeiras. Nove objetos foram alvos dos criminosos; oito foram roubados, e o nono, a coroa da imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III, caiu durante a fuga, quando os assaltantes deixaram o local em motocicletas.
"Vimos algumas filmagens: eles não têm como alvo as pessoas, entram calmamente em quatro minutos, quebram vitrines, pegam os itens e vão embora. Sem violência, muito profissional", disse a ministra da Cultura da França, Rachida Dati, na TF1.
Um vídeo postado no X por um guia do museu mostrou os visitantes se dirigindo para as saídas, inicialmente sem saber o motivo da interrupção de sua visitação. Assista ao momento a seguir.
Investigações
Uma investigação por furto em quadrilha organizada e associação criminosa foi aberta e confiada à Brigada de Repressão ao Banditismo (BRB), sob a autoridade da Promotoria de Paris.
Esse não é o primeiro roubo no museu. Em um dos crimes de arte mais ousados da história, a Mona Lisa foi levada do museu em 1911 em um assalto envolvendo um ex-funcionário. Ele acabou sendo pego e a pintura foi devolvida ao museu dois anos depois.
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No início deste ano, autoridades do Louvre solicitaram ajuda urgente do governo francês para restaurar e renovar salas de exposição envelhecidas e proteger melhor suas inúmeras obras de arte.
Dati destacou que a questão da segurança dos museus não é nova: "Durante 40 anos, houve pouco foco na segurança desses grandes museus e, há dois anos, o presidente do Louvre solicitou uma auditoria de segurança ao prefeito da polícia. Por quê? Porque os museus precisam se adaptar às novas formas de crime", disse. "Hoje, é o crime organizado - profissionais."