Justiça concede liberdade provisória a policial que matou jovem de 16 anos em SP
Thiago Guerra, acusado de homicídio qualificado, vai responder em liberdade até julgamento pelo Tribunal do Júri

Agência SBT
A Justiça de São Paulo concedeu, nesta segunda-feira (3), liberdade provisória ao policial militar Thiago Guerra, acusado de matar com um tiro na cabeça a jovem Victoria Manuely dos Santos, de 16 anos, no dia 10 de janeiro, no bairro Guaianases, na zona leste de São Paulo.
A decisão foi tomada por maioria de votos pela 1ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
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O tribunal também manteve o processo contra o policial, que virou réu por homicídio qualificado e será julgado pelo Tribunal do Júri, ainda sem data definida.
O sargento Thiago Guerra estava no Presídio Militar Romão Gomes desde janeiro deste ano.
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Com a decisão, ele deverá ganhar liberdade provisória nos próximos dias, enquanto aguarda o julgamento definitivo do caso.
Relembre o caso
Victoria Manoelly morreu vítima de disparo de arma de fogo ao defender o irmão durante a abordagem do PM, no dia 9 de janeiro, em uma praça de Guaianases. O sargento Thiago Guerra, autor do disparo, foi indiciado e preso em flagrante por homicídio. O tiro atingiu Victória no momento em que o militar deu uma coronhada na cabeça de Kauê Alexandre dos Santos, irmão da vítima. A jovem chegou a ser socorrida no Hospital Geral da cidade.
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Após analisar imagens das câmeras corporais e colher o depoimento dos envolvidos, a Polícia Civil afirmou que "há claros e fortes indícios" de que o disparo que matou a adolescente partiu da arma do sargento que, segundo o delegado Victor Sáfadi Maricato, assumiu o risco de matar durante a ação.
O delegado afirmou ainda que golpes de coronhada "não correspondem às doutrinas das polícias brasileiras".
Passo a passo do homicídio

Policiais militares estavam em patrulhamento quando foram acionados por um homem que havia sido roubado. Ele foi assaltado por ao menos quatro suspeitos armados ao sair da estação de trem Guaianazes.
A primeira equipe militar avistou três dos suspeitos fugindo. Depois de uma perseguição, um menor de idade foi abordado pelos PMs e flagrado com a identidade e cartões da vítima. Outros comparsas dispensaram uma arma de fogo falsa, que foi apreendida.
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Em seguida, a equipe do sargento Guerra foi acionada para o apoio da ocorrência. Os militares começaram a perseguir um segundo suspeito. Neste momento, Kauê e sua irmã Victória, que estavam em uma adega em frente à praça, foram ao local "para saber o que estava acontecendo", de acordo o depoimento de Kauê, registrado no boletim de ocorrência.

O sargento Guerra teria pegado Kauê pela gola da camiseta, apontado a arma para seu rosto e aplicado uma coronhada, momento em que a pistola foi acionada, atingindo Victória.
Os outros três suspeitos pelo crime de roubo acabaram fugindo. O menor de idade, que foi apreendido e encaminhado para a Justiça, confessou a participação no assalto e afirmou que "Kauê não estava na ação criminosa", ainda de acordo com o boletim.
Mãe pede Justiça
Em entrevista ao SBT, Vanessa Priscila, mãe da jovem morta, pediu Justiça.
"Acabou com minha vida, com minha família, acabou com tudo. Espero que tenha justiça. Não vai trazer minha filha de volta, mas alguém tem que pagar por isso", Vanessa Priscila.

Outro lado
Em depoimento, o sargento Guerra afirmou que Kauê estava com as mãos na região da cintura, dizendo que não iria ser abordado. Ao tentar revistá-lo, o policial relata que Kauê teria dado um tapa em sua mão, momento em que teria ocorrido o disparo de arma de fogo.
O SBT News pediu o posicionamento do escritório de advocacia Oliveira Campanini, que representa o militar. Até o momento, não houve resposta. A reportagem será atualizada com a manifestação.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que investiga todas as circunstâncias da ocorrência. A Polícia Civil busca por imagens e demais elementos que possam esclarecer os fatos. A PM instaurou um inquérito militar para apurar o caso.
"A Secretaria de Segurança Pública lamenta a morte de uma jovem de 16 anos em Guaianases e investiga todas as circunstâncias da ocorrência. O policial militar foi preso em flagrante e conduzido ao 50º DP, onde o caso foi registrado", diz a nota.
"A Polícia Militar não compactua com excessos ou desvios de conduta e pune exemplarmente aqueles que desobedecem aos protocolos estabelecidos pela corporação. A arma do policial foi recolhida e as imagens das câmeras corporais estão sendo analisadas. A PM também instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias da ocorrência", declarou a SSP.









