Câmeras corporais mostram detalhes de megaoperação no Rio; policial aparece nas imagens antes de morrer
Vídeos revelam momentos de tensão durante o socorro a policiais feridos em área controlada por facção; operação teve 121 mortos e mais de 100 presos
Caroline Vale
SBT Manhã
Câmeras corporais de agentes que atuaram na megaoperação no Rio de Janeiro registraram os momentos de tensão e o resgate dramático de policiais sob intenso tiroteio. Nas gravações, é possível ver agentes tentando socorrer colegas baleados em uma área de mata, enquanto enfrentam dificuldades provocadas pelas barricadas erguidas por criminosos.
O local era totalmente controlado pelo Comando Vermelho, e as imagens mostram o esforço das equipes para resgatar os feridos, sob o risco de confrontos. A operação durou mais de 10 horas. Três resgates de policiais foram registrados pelas imagens divulgadas.
As imagens foram solicitadas por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e fazem parte de uma investigação que busca apurar a legitimidade da ação policial, que está sob análise de grupos de direitos humanos. O governo informou que parte das gravações foi perdida, pois algumas câmeras teriam ficado sem bateria por causa do longo tempo de operação.
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Dificuldade no resgate e mortes confirmadas
As imagens revelam a dificuldade do resgate em uma parte alta da comunidade, onde o blindado da polícia não conseguia chegar. Policiais improvisaram formas de remoção, tentando abrir caminho até um ponto onde o veículo pudesse dar suporte e garantir a saída segura dos feridos.
Entre as cenas registradas, aparece o sargento Cleiton Serafim Gonçalves, que socorre o cabo Oliveira, atingido na perna esquerda. Minutos depois, o próprio Serafim é baleado e não resiste. Ele foi um dos quatro policiais mortos na operação.
Outro policial, o sargento Santana, é mostrado ferido por três tiros, sendo socorrido pelos colegas que improvisam uma maca para retirá-lo da área. Santana chegou a esperar mais de uma hora até ser levado em segurança.
Megaoperação no Rio
De acordo com a Polícia Civil do Rio, 121 pessoas morreram durante a operação da última terça-feira (28), sendo quatro policiais. Até o momento, segundo a polícia, foi constatado que, entre os demais mortos, 95% teriam ligação comprovada com o Comando Vermelho.
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Além disso, 59 tinham mandados de prisão pendentes e 97 apresentavam históricos criminais relevantes. 17 vítimas não tinham anotações criminais, mas, ainda segundo a polícia, 12 deles apresentaram indícios de participação no tráfico de drogas em suas redes sociais.
Dos mortos, 62 eram de outros estados, sendo 19 do Pará, 12 da Bahia, 9 do Amazonas e 9 de Goiás, entre outros. A polícia também informou que as perícias já foram concluídas e os corpos liberados pelo IML, restando apenas dois laudos inconclusivos.
A operação também resultou em 113 pessoas presas e 10 menores apreendidos. 118 armas foram apreendidas, além de munições, explosivos, drogas e equipamentos militares.









