O que se sabe sobre caso da mulher trans espancada até a morte em BH
Crime foi registrado por câmeras de segurança e gerou forte comoção; ex-namorado foi preso em flagrante

Caroline Vale
com informações do Estado de Minas
Uma mulher trans foi espancada até a morte na região de Venda Nova, em Belo Horizonte (MG). O crime ocorreu na última segunda-feira (20) e foi flagrado por câmeras de segurança, que mostram momento em que a vítima é atacada.
Em poucos segundos, ela leva diversos golpes e chutes, mesmo após cair ao chão, em uma das ruas mais movimentadas da região. A vítima foi identificada como Christina Maciel Oliveira e, segundo a Polícia Militar (PMMG), morreu no local.
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Quem matou a mulher?
O suspeito de espancar Christina até a morte é o ex-companheiro dela, que tem 24 anos. As imagens mostram o momento em que ele sai caminhando calmamente após o ataque. Os policiais encontraram a vítima na calçada.
O homem foi preso em flagrante a poucos metros da cena do crime. De acordo com o boletim de ocorrência, ele não aceitava o fim do relacionamento.
O autor do crime disse à polícia que tinha um relacionamento com a vítima e que estariam tendo discussões constantes, pois ela não queria continuar com a relação e pediu para que ele saísse de casa.
Ele afirmou que não concordava com o término, porque tinha um projeto junto e que seria "sacanagem querer que ele fosse embora". Ele confirmou as agressões depois de ter discutido com ela.
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O que dizem testemunhas?
Testemunhas relataram que o casal discutia antes das agressões. Uma delas contou que o suspeito deu uma rasteira na vítima e, com ela no chão, passou a chutá-la várias vezes na cabeça.
A mulher apresentava grande sangramento na cabeça. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e constatou a morte no local.
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Quem é a vítima?
Christina Maciel Oliveira tinha 45 anos e era reconhecida como ativista de projetos comunitários voltados para a assistência de pessoas trans e travestis. O assassinato dela provocou grande comoção. Organizações que atuam na defesa dos direitos LGBTQIAPN+ lamentaram o crime, classificado como transfeminicídio.
O Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (Insea), onde Christina trabalhava, publicou uma nota destacando que ela era "muito amada e sonhadora" e "inspirou muitas pessoas que precisavam dela".
"Chris era nossa amiga, companheira e mobilizadora social em nosso projeto, que compartilha das mesmas lutas que ela: o direito à vida e à dignidade de pessoas trans e travestis. Ela era muito amada, tinha sonhos e inspirou muitas pessoas que precisavam dela. É doloroso perder alguém que fez tanto por quem mais precisava", escreveu a instituição.

O corpo de Christina foi velado e sepultado nessa terça (21) em Santa Luzia (MG), na Região Metropolitana de Belo Horizonte.