Acidente no Elevador da Glória em Lisboa ocorreu por falhas de manutenção, aponta relatório
Carris, empresa responsável pelo elevador, registrava inspeções e tarefas como feitas, mas nem todas eram realmente cumpridas

Antonio Souza
O GPIAAF, órgão que investiga acidentes com transporte em Portugal, divulgou nesta segunda-feira (20) que o acidente no Elevador da Glória, em Lisboa, no dia 3 de setembro, aconteceu por falhas na manutenção.
O relatório mostra que a empresa responsável, a Carris, registrava inspeções e tarefas como feitas, mas nem sempre elas eram realmente cumpridas corretamente.
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Há mais de 20 anos, a manutenção é contratada pela corporação a prestadores de serviços externos. Algumas partes importantes para a segurança do elevador eram feitas de jeito diferente do padrão, com regras e testes variados.
"Há evidências de que tarefas de manutenção registadas como cumpridas nem sempre correspondem às tarefas efetivamente realizadas, bem como de serem executadas tarefas críticas para a segurança de forma não padronizada, com parâmetros de execução e validação díspares", diz trecho do relatório
No dia do acidente e em inspeções anteriores, os registros indicavam que os trabalhos foram feitos nos horários certos, e que os funcionários estavam presentes. Mas as evidências mostram que isso pode não ser verdade.
Um ponto crítico foi o cabo que segura e equilibra as cabines:
- Ele não estava dentro das normas, sem certificação para transportar pessoas e não era adequado para o tipo de instalação do Elevador da Glória.
- A parte do cabo que quebrou não podia ser inspecionada visualmente sem desmontar equipamentos, o que dificultava ver problemas antes do incidente.
As cabines são ligadas entre si por um cabo, que equilibra o peso de ambas através de um volante de inversão de grande diâmetro, localizado na parte superior da Calçada da Glória, em um compartimento técnico subterrâneo.
De acordo com os peritos, a falha aconteceu no ponto de fixação do cabo dentro da cabine nº 1, que havia partido do topo da Calçada da Glória. Foi esse encaixe que acabou cedendo.
Acidente
Ao menos 16 pessoas morreram no dia 3 de setembro após o descarrilamento do Elevador da Glória, icônico bondinho que é um dos principais pontos turísticos de Lisboa, em Portugal.
O acidente também deixou cerca de 20 feridos. Imagens do local mostraram o elevador, que transporta pessoas para cima e para baixo em uma encosta na capital portuguesa, praticamente destruído, e equipes de emergência retirando vítimas dos destroços.
Os dois vagões da linha, cada um com capacidade para transportar cerca de 40 pessoas, são presos a extremidades opostas de um cabo de transporte, com tração fornecida por motores elétricos nos vagões que se contrabalançam.
Quando o carro que descia a ladeira de 265 metros perdeu a frenagem e descarrilou em uma curva, batendo em um prédio na esquina.
O Elevador da Glória tem capacidade para transportar até 42 pessoas. A linha, inaugurada em 1885, liga o centro de Lisboa, próximo à Praça dos Restauradores, ao Bairro Alto, famoso por sua vibrante vida noturna.