Política

Empresária e esposa de ex-procurador do INSS fica em silêncio na CPMI

Thaisa Hoffmann Jonasson afirma que suas empresas prestaram serviços médicos ao lobista conhecido como “Careca do INSS”, apontado como operador do esquema

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CPMI do INSS ouve empresária Thaisa Hoffmann Jonasson - Foto: Andressa Anholete/Agência Senado
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A empresária e médica Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa do ex-procurador-geral do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, permaneceu em silêncio durante quase todo o depoimento desta quinta-feira (23) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS.

Amparada por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Thaisa utilizou o direito de não responder a perguntas que pudessem levá-la à autoincriminação. Sua advogada, Izabella Hernandez Borges, explicou que a cliente não prestaria compromisso de dizer a verdade por figurar como investigada no caso — inclusive após ter sido alvo de pedido de prisão preventiva.

Segundo as investigações da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, Thaisa é apontada como uma das responsáveis por movimentar valores suspeitos ligados ao esquema de fraudes em descontos associativos sobre benefícios de aposentados e pensionistas. De acordo com o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), as empresas da médica receberam quase R$ 15 milhões de empresas e associações investigadas.

A maior parte dos repasses teria partido do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, que segundo o relator movimentou cerca de R$ 2 bilhões nas fraudes.

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Durante o depoimento, Gaspar lamentou o silêncio da convocada e chegou a dizer que Thaisa “perdeu uma grande oportunidade de mostrar que não foi propina através do seu marido”. O parlamentar questionou ainda a compra de um imóvel de R$ 28 milhões em Balneário Camboriú (SC), atribuindo o dinheiro ao desvio de recursos de aposentados.

Em um dos raros momentos em que respondeu aos parlamentares, Thaisa afirmou que os valores recebidos foram pagamento por serviços de pareceres médicos.

“Eu prestei o meu trabalho. Foram anos de estudo para chegar aonde eu cheguei, noites mal-dormidas, mesmo grávida. Então, eu prestei o meu trabalho, a verdade vai aparecer”, declarou.

A médica também justificou o silêncio, afirmando que entregará à comissão “documentos comprobatórios” nos autos, e não no que classificou como um “ambiente hostil”.

Bate-boca

A sessão foi marcada por bate-boca entre parlamentares e a defesa da depoente. O deputado José Medeiros (PL-MT) discutiu com a advogada Izabella Borges.

Durante a sessão, ela já havia se queixado algumas vezes de parlamentares, que estariam, em suas palavras, “criminalizando a advocacia”.

Ainda nesta quinta-feira, a comissão ouve o depoimento do ex-procurador-geral Virgílio Oliveira Filho, marido de Thaisa, afastado do cargo desde abril por decisão judicial. Segundo as apurações, ele teria recebido R$ 11,9 milhões de empresas ligadas às associações investigadas.

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