Governo Lula adota tom cauteloso e evita rivalizar com Cláudio Castro após megaoperação no Rio
Mesmo "estarrecido" com o número de mortos, presidente busca evitar confronto; estratégia é defender a PEC da Segurança

Murilo Fagundes
O Palácio do Planalto adotou um tom calculadamente conciliador após a megaoperação policial no Rio de Janeiro que deixou mais de 100 mortos. Mesmo surpreso e incomodado com o número de vítimas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou rivalizar com o governador Cláudio Castro (PL) e orientou ministros a não transformar o episódio em confronto político.
Na prática, a estratégia do governo é não dar “cavalo de pau” quando o tema é segurança pública, uma área em que o Planalto tem mais a perder do que a ganhar com embates diretos. O discurso oficial segue a linha de condenar o crime organizado, sem lamentar explicitamente as mortes registradas na operação.
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O tom ameno é visto dentro do governo como parte de um movimento para defender a PEC da Segurança, proposta enviada ao Congresso que pretende integrar o trabalho das forças policiais em todo o país.
A avaliação no Planalto é de que a tragédia no Rio abre uma janela de oportunidade para acelerar a tramitação do texto, reforçando a ideia de que o combate ao crime deve “atingir a cabeça das facções, e não os mais pobres”.
+"Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias", diz Lula
Em postagem nas redes sociais, Lula afirmou ter determinado que o ministro da Justiça e o diretor-geral da Polícia Federal (PF) fossem ao Rio para se reunir com o governador. Disse também que “não se pode aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência”, e defendeu ações “sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”.
Ainda não se sabe, porém, como será a primeira fala pública de Lula sobre o caso. Até o momento, o presidente limitou-se à publicação nas redes, sem declarações diretas à imprensa.









