Exame do coração identifica risco de infarto antes dos sintomas

As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no mundo, responsáveis por cerca de 30% dos óbitos globais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, elas matam mais do que todos os tipos de câncer somados. Diante desses números, o diagnóstico precoce é essencial, e é nesse contexto que a angiotomografia das artérias coronárias se consolida como um dos exames mais modernos e eficazes no tratamento da angina e na prevenção do infarto.

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A angiotomografia das coronárias é um exame de imagem não invasivo que permite visualizar, com altíssima precisão, as artérias que irrigam o coração. Por meio da tomografia computadorizada de alta resolução e do uso de contraste iodado, é possível detectar placas de gordura (aterosclerose), estreitamentos (estenoses) e até obstruções completas das artérias coronárias. O exame oferece informações que antes só poderiam ser obtidas com um cateterismo cardíaco, mas sem a necessidade de internação ou de procedimentos invasivos.

Como o exame é feito e quando é indicado

Durante a angiotomografia, o paciente permanece deitado no tomógrafo enquanto o contraste é injetado na veia, permitindo que as imagens mostrem em detalhes o fluxo de sangue nas artérias coronárias. O exame dura poucos minutos, é indolor e exige apenas cuidados simples, como jejum leve e controle da frequência cardíaca antes da realização.

A principal indicação é a avaliação da dor torácica. Também é recomendado para pacientes com fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, diabetes, tabagismo, colesterol alto, histórico familiar de infarto precoce e obesidade, que apresentem exames de estratificação cardiovascular, como teste ergométrico ou cintilografia miocárdica, não conclusivos. Além de quantificar obstruções nas artérias coronárias, a angiotomografia permite avaliar a composição das placas de gordura, diferenciando as mais estáveis das que têm maior risco de ruptura, justamente as responsáveis pelos infartos agudos.

Outro uso importante é no planejamento de cirurgias e intervenções cardíacas, como a colocação de stents e implantes de válvulas cardíacas, e no acompanhamento após o procedimento. O exame ajuda a determinar a extensão da doença e auxilia o cardiologista a definir a melhor estratégia terapêutica.

Precisão diagnóstica e avanços tecnológicos

Os avanços recentes na tecnologia dos tomógrafos permitiram reduzir significativamente a exposição à radiação e o volume de contraste utilizado, tornando o exame ainda mais seguro. A resolução das imagens permite detectar lesões com apenas 1 milímetro de espessura e gerar reconstruções tridimensionais das artérias coronárias, o que amplia a precisão diagnóstica. Estudos mostram que a angiotomografia tem sensibilidade superior a 95% para detectar doença arterial coronariana significativa, número comparável ao do cateterismo convencional.

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Outro diferencial é seu papel preditivo: além de mostrar o que já está significativamente comprometido, o exame identifica placas com obstruções leves, que podem evoluir futuramente, permitindo intervenções preventivas com medicamentos e mudanças no estilo de vida.

A angiotomografia das coronárias representa uma verdadeira mudança de paradigma na cardiologia moderna. Mais do que diagnosticar, ela antecipa o problema, oferecendo ao paciente e ao médico uma visão clara e detalhada do estado das artérias do coração. Com a incorporação cada vez maior dessa tecnologia em hospitais e clínicas, o diagnóstico precoce se torna uma das mais poderosas ferramentas para reduzir o número de infartos e salvar vidas.

Dra. Melina Sapi - CRM-RJ: 52.90662-0 | Médica graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da UERJ