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Césio-137: grupo é preso por fraudar benefícios por acidente ocorrido em 1987

Operação em Goiás investiga médicos, advogados e militares por falsificação de documentos para obter isenção de imposto

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A Polícia Civil de Goiás prendeu, nesta quinta-feira (30), um grupo suspeito de fraudar benefícios públicos alegando falsa exposição ao césio-137, material radioativo envolvido no maior acidente radiológico do Brasil, ocorrido em Goiânia, em 1987.

A operação foi realizada na região metropolitana de Goiânia, onde foram cumpridos cinco mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão. Entre os investigados estão médicos, advogados, engenheiros e militares.

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De acordo com a polícia, o grupo falsificava laudos e documentos médicos para obter isenção de imposto de renda, benefício garantido por lei a pessoas comprovadamente afetadas pelo acidente radiológico. As fraudes teriam causado prejuízos milionários aos cofres públicos.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Goiás informou que acompanha a operação para garantir a fiscalização ética dos advogados investigados, mas não comentou as prisões nem possíveis responsabilizações.

Césio-137, relembre o maior desastre radiológico do Brasil

Em setembro de 1987, um aparelho de radioterapia abandonado foi manuseado de forma incorreta em Goiânia (GO), provocando o maior acidente radiológico da história do Brasil.

O equipamento continha césio-137, substância altamente radioativa, e a violação do material contaminou dezenas de pessoas e vários locais da capital goiana.

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O equipamento estava abandonado no antigo Instituto Goiano de Radioterapia e continha uma cápsula com cloreto de césio-137, composto de alta solubilidade e radioatividade de 50,9 terabecqueréis (TBq) — o equivalente a 1.375 curies (Ci).

A fonte radioativa foi retirada por catadores de sucata e vendida a um ferro-velho, onde o material, que emitia um pó azul brilhante, chamou atenção de moradores. Fragmentos foram distribuídos a parentes e amigos, o que espalhou a contaminação por vários bairros.

Consequências do contato com o césio

As pessoas que tiveram contato direto com o material apresentaram sintomas como náuseas, vômitos, tontura, diarreia e queimaduras na pele. A contaminação ocorreu por inalação, ingestão, contato direto ou ferimentos.

O material só foi identificado como radioativo quando a esposa do dono do ferro-velho levou a cápsula à Vigilância Sanitária, suspeitando que ela fosse a causa do mal-estar generalizado na família.

Com o rompimento da cápsula, partículas de césio se espalharam pelo ar e solo, contaminando casas, alimentos e roupas.

A substância tem meia-vida física de 33 anos e comportamento ambiental semelhante ao do potássio, podendo ser absorvida por plantas e animais.

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