Nobel da Paz rejeita a possibilidade de Lula mediar conflito entre Venezuela e EUA
María Corina afirmou que o presidente sequer conseguiu libertar opositores venezuelanos exilados na Embaixada da Argentina em Caracas, tutelada pelo Brasil

Sofia Pilagallo
A vencedora do Nobel da Paz, María Corina Machado, rejeitou a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vir a ser um mediador no atual conflito entre a Venezuela e os Estados Unidos. Durante sua agenda na Malásia, na cúpula das Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), Lula se dispôs a solucionar questões mutuamente aceitáveis, em meio à escalada de tensão entre os dois países.
Em entrevista ao podcast venezuelano "La Conversa", Maria Corína afirmou "não saber como" Lula intermediaria o conflito, uma vez que ele sequer conseguiu libertar os cinco opositores venezuelanos que estavam asilados desde março do ano passado na Embaixada da Argentina em Caracas, tutelada pelo Brasil.
Os opositores pediram refúgio na embaixada da Argentina após serem alvos de mandado de prisão pelo Ministério Público alinhado a Maduro, que alegou que eles estavam envolvidos em planos para gerar violência na Venezuela.
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"Surpreende muito essa proposta, porque depois de mais de um ano, com cinco reféns na embaixada argentina sob a proteção do Brasil, o governo do presidente Lula não conseguiu sequer cinco salvo-condutos", disse María Corina.
"Depois de [a embaixada ficar] seis meses sem eletricidade, não conseguiu que instalassem um fusível. Depois de mais de 15 meses solicitando os documentos originais, não conseguiu que Maduro os entregasse. Então, não sei o que o presidente Lula pensa que pode conseguir neste momento", acrescentou.
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Desde o início de setembro, o governo de Donald Trump vem realizando sucessivos ataques aéreos contra embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico, que já deixaram mais de 60 mortos. Em meados deste mês, os EUA também autorizaram a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) a conduzir "ações secretas" na Venezuela, aumentando ainda mais a tensão entre os dois países.
Até o momento, os EUA não realizaram nenhuma operação terrestre na Venezuela, mas Trump já sinalizou que ações nesse sentido podem ocorrer num futuro próximo. Na semana passada, durante coletiva de imprensa, ele afirmou que haverá "operações terrestres" norte-americanas contra cartéis de drogas latino-americanos "muito em breve", sem citar o país latino-americano.









