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Trump reduz tarifas da China em acordo com Xi sobre fentanil e terras raras

Presidente dos EUA disse que taxas sobre importações chinesas serão reduzidas de 57% para 47%; Jinping afirmou que atritos são normais de vez em quando

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Presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping | 30/10/2025/Reuters/Evelyn Hockstein
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (30) que concordou com o presidente chinês, Xi Jinping, em reduzir as tarifas sobre a China em troca de Pequim reprimir o comércio ilícito de fentanil, retomar as compras de soja dos EUA e manter o fluxo de exportações de terras raras.

As conversas cara a cara de Trump com Xi na cidade sul-coreana de Busan, as primeiras desde 2019, marcaram o final de uma viagem pela Ásia, na qual ele também promoveu avanços comerciais com a Coreia do Sul, o Japão e as nações do Sudeste Asiático.

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"Foi uma reunião incrível", disse Trump a repórteres a bordo do avião presidencial Força Aérea Um logo após deixar a Coreia do Sul, classificando as negociações como "12 de 10".

Trump disse que as tarifas sobre as importações chinesas serão reduzidas de 57% para 47%, diminuindo pela metade, para 10%, a taxa de tarifas relacionadas ao comércio de medicamentos precursoras de fentanil.

Xi trabalhará "duro para interromper o fluxo" de fentanil, um opioide sintético que é a principal causa de mortes por overdose nos Estados Unidos, disse Trump.

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A China concordou em pausar os controles de exportação revelados este mês sobre terras raras, elementos com papéis vitais em carros, aviões e armas que se tornaram a fonte mais potente de alavancagem de Pequim em sua guerra comercial com os Estados Unidos.

A pausa durará um ano, disse o Ministério do Comércio da China em um comunicado.

O comunicado acrescentou que os dois lados também chegaram a um consenso sobre a expansão do comércio agrícola e trabalharão para resolver questões relacionadas ao aplicativo de vídeos curtos TikTok, que Trump procura colocar sob o controle dos EUA.

Reação discreta dos mercados globais

A reação foi discreta nos mercados acionários globais.

"A resposta dos mercados tem sido cautelosa, em contraste com a caracterização entusiasmada de Trump sobre a reunião", disse Besa Deda, economista-chefe da empresa de consultoria William Buck.

Entre os principais parceiros comerciais dos EUA, apenas o Brasil e a Índia ainda estão sujeitos a tarifas mais altas.

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No período que antecedeu a reunião, os mercados acionários mundiais, de Wall Street a Tóquio, bateram recordes com a expectativa de um avanço na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que interrompeu as cadeias de oferta e abalou a confiança dos empresários globais.

Trump falou repetidamente sobre as perspectivas de chegar a um acordo com Xi, já que os negociadores dos EUA disseram no domingo que haviam fechado uma base de acordo com a China para evitar 100% das tarifas dos EUA sobre seus produtos e suspender as restrições de exportação da China sobre terras raras.

A reunião cordial entre os líderes, em uma base aérea sul-coreana à margem do fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, durou mais de uma hora e meia.

Atritos de vez em quando são normais, diz Xi Jinping

É normal que os dois lados tenham atritos de vez em quando, disse Xi a Trump por meio de um tradutor no início da reunião.

"O desenvolvimento e a revitalização da China não são incompatíveis com o objetivo do presidente Trump de 'Tornar a América Grande Novamente'", acrescentou Xi.

Eles também concordaram em pausar as taxas portuárias sobre o transporte marítimo, projetadas para impedir o domínio na construção naval, frete marítimo e logística.

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A China iniciará o processo de compra de energia dos EUA, disse Trump em uma postagem no Truth Social nesta quinta, dando a entender um grande negócio no Alasca, onde seu governo vem divulgando uma proposta de gasoduto de GNL de US$ 44 bilhões.

A Casa Branca sinalizou que espera que a reunião seja a primeira de várias entre os líderes no próximo ano. Trump disse que viajará para a China em abril, antes de receber Xi nos Estados Unidos.

A mídia estatal chinesa retratou a reunião com Trump como um triunfo da política de Xi. "Temos a confiança e a capacidade de enfrentar todos os tipos de riscos e desafios", disse ele segundo a agência de notícias oficial Xinhua.

Sem chip Nvidia, discussões em Taiwan

O acordo alcançado, em linhas gerais, retorna os laços ao status anterior à ofensiva do "Dia da Libertação" de Trump, em abril.

Mas pode não passar de uma trégua frágil em uma guerra comercial cujas causas ainda não foram resolvidas, dizem analistas.

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Trump disse que não discutiu o chip Blackwell de última geração da Nvidia com Xi, em mais um golpe para as expectativas da empresa de manter sua presença no mercado de IA de US$ 50 bilhões da China.

A questão polêmica de Taiwan, a ilha democrática reivindicada pela China, que é parceira dos EUA e uma potência de alta tecnologia, também não veio à tona nas conversas, disse Trump.

Porém, minutos antes de iniciar a reunião, Trump ordenou que os militares dos EUA retomassem os testes de armas nucleares após um intervalo de 33 anos, apontando para os arsenais crescentes da Rússia e da China.

O Ministério das Relações Exteriores da China disse nesta quinta esperar que os EUA mantenham uma moratória nos testes nucleares.

(Reportagem de Trevor Hunnicutt em Busan, Michael Martina, David Brunnstrom, David Lawder e Daphne Psaledakis em Washington e Antoni Slodkowski, Liz Lee and Lewis Jackson em Pequim)

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